JÁ POSSO DAR SANGUE
Ao que parece, agora já posso dar sangue.
O órgão que circula no meu sistema sanguíneo passou a ter interesse para o Estado e para a comunidade científica médica que até agora não me aceitou como dador de sangue, porque sou homem e sou homossexual.
Almeida Gonçalves, presidente há mais de uma década do Instituto Português de Sangue, afirma, segundo conceituadas fontes jornalísticas, ter eliminado em finais de 2005, o critério de exclusão homens que têm sexo com homens, admitindo que se tratou de uma estigmatização sem fundamento científico.
A Directiva 2004/33/CE da Comissão das Comunidades Europeias que actualiza, e normaliza no espaço europeu, as regras de selecção de dadores de sangue, já deveria ter sido transposta para o nosso sistema jurídico até 8 de Fevereiro de 2005, e estabelece como critério de exclusão da doação ou dádiva de sangue, no tocante aos comportamentos sexuais aqueles que colocam a pessoa em grande risco de contrair doenças infecciosas graves susceptíveis de serem transmitidas pelo sangue, independentemente de serem actos sexuais homo ou heterossexuais.
O momento, há muitos anos, em que no Hospital de Santa Maria não aceitaram a minha dádiva de sangue, por eu ser homossexual foi mais uma ocasião em que me senti discriminado.
Infelizmente, confunde-se, ainda, orientação sexual com promiscuidade e prevalecem os estereótipos e as ideias feitas como, por exemplo, que os homossexuais masculinos têm uma tendência para uma maior infidelidade nas relações.
Deixem-me dizer-vos mais uma vez: a orientação sexual não é sinónimo de anormalidade, aberração ou doença.
A orientação sexual que preferencia os indivíduos do seu próprio sexo é apenas isso mesmo, uma característica intrínseca do individuo que lhe confere a capacidade de interagir sexualmente com alguém do seu sexo de forma satisfatória e psicologicamente gratificante.
Os comportamentos de risco (leia-se comportamentos de risco de saúde) não são característicos de uma específica orientação sexual.
Sabe-se hoje que, em Portugal e em quase todo o mundo, a principal via de infecção do VIH é heterossexual.
Por isso, quem sabe, talvez em compensação, pela discriminação sem fundamento cientifico, no saco cheio com o meu sangue doado seja colocada uma etiqueta a dizer: SANGUE HOMOSSEXUAL / SANGUE DE QUALIDADE.
Bem, pelo menos, agora ... já posso dar sangue.
Mas há algo que me preocupa, e muito.
É certo que eliminaram esta discriminação sem fundamento científico.
Mas não posso deixar de me questionar: Quantas mais discriminações injustificadas estão em curso?
Quando é que o Estado, o Legislador, a Sociedade deixarão de se guiar pelo preconceito e pelas ideias preconcebidas?
Afinal, que razão efectivamente válida me têm, para me dar, que justifique eu não poder casar com o homem que amo, ou não poder adoptar uma criança, para lhe dar um lar, a amar, proteger e educar?
Pelo menos, uma coisa é certa.
Demorou!
Mas finalmente concluíram que estavam errados.
Eu, agora, já posso dar sangue.
O órgão que circula no meu sistema sanguíneo passou a ter interesse para o Estado e para a comunidade científica médica que até agora não me aceitou como dador de sangue, porque sou homem e sou homossexual.
Almeida Gonçalves, presidente há mais de uma década do Instituto Português de Sangue, afirma, segundo conceituadas fontes jornalísticas, ter eliminado em finais de 2005, o critério de exclusão homens que têm sexo com homens, admitindo que se tratou de uma estigmatização sem fundamento científico.
A Directiva 2004/33/CE da Comissão das Comunidades Europeias que actualiza, e normaliza no espaço europeu, as regras de selecção de dadores de sangue, já deveria ter sido transposta para o nosso sistema jurídico até 8 de Fevereiro de 2005, e estabelece como critério de exclusão da doação ou dádiva de sangue, no tocante aos comportamentos sexuais aqueles que colocam a pessoa em grande risco de contrair doenças infecciosas graves susceptíveis de serem transmitidas pelo sangue, independentemente de serem actos sexuais homo ou heterossexuais.
O momento, há muitos anos, em que no Hospital de Santa Maria não aceitaram a minha dádiva de sangue, por eu ser homossexual foi mais uma ocasião em que me senti discriminado.
Infelizmente, confunde-se, ainda, orientação sexual com promiscuidade e prevalecem os estereótipos e as ideias feitas como, por exemplo, que os homossexuais masculinos têm uma tendência para uma maior infidelidade nas relações.
Deixem-me dizer-vos mais uma vez: a orientação sexual não é sinónimo de anormalidade, aberração ou doença.
A orientação sexual que preferencia os indivíduos do seu próprio sexo é apenas isso mesmo, uma característica intrínseca do individuo que lhe confere a capacidade de interagir sexualmente com alguém do seu sexo de forma satisfatória e psicologicamente gratificante.
Os comportamentos de risco (leia-se comportamentos de risco de saúde) não são característicos de uma específica orientação sexual.
Sabe-se hoje que, em Portugal e em quase todo o mundo, a principal via de infecção do VIH é heterossexual.
Por isso, quem sabe, talvez em compensação, pela discriminação sem fundamento cientifico, no saco cheio com o meu sangue doado seja colocada uma etiqueta a dizer: SANGUE HOMOSSEXUAL / SANGUE DE QUALIDADE.
Bem, pelo menos, agora ... já posso dar sangue.
Mas há algo que me preocupa, e muito.
É certo que eliminaram esta discriminação sem fundamento científico.
Mas não posso deixar de me questionar: Quantas mais discriminações injustificadas estão em curso?
Quando é que o Estado, o Legislador, a Sociedade deixarão de se guiar pelo preconceito e pelas ideias preconcebidas?
Afinal, que razão efectivamente válida me têm, para me dar, que justifique eu não poder casar com o homem que amo, ou não poder adoptar uma criança, para lhe dar um lar, a amar, proteger e educar?
Pelo menos, uma coisa é certa.
Demorou!
Mas finalmente concluíram que estavam errados.
Eu, agora, já posso dar sangue.
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